Encontrei em estudos sobre a cultura da Índia uma patrona perfeita para os "Prosaicos".
Entre as Mahavidyas, um grupo de cerca de 10 deidades veneradas por grupos tântricos, está Matangi. "A mãe dos elefantes". Segue o perfil*:
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Matangi está encarregada das artes de êxtase, como música e poesia. Ela é tão bêbada que dança enquanto anda, sempre em um estado mental de calar o pensar e usufruir o fazer. Sua inebriação liberta da disciplina e recoloca a retidão em seu correto caminho torto.
Mas escuta. Há grande diferença em beber por anestesia e beber como prática espiritual. E que fique claro que álcool é apenas figura para qualquer coisa que lhe arranque do normal.
Em Matangi estão os bardos e todos que recebem a arte. Oráculos que se expressam sem censura.
Você pode criar mais rápido do que pensa?
Pode incluir antes de conceber?
Este é o estado que Matangi quer de você.
Quando se trata de quebrar os confinamentos da razão e da disciplina, Matangi é a escolha certa.
Dê as boas vindas para a chance e a coincidência. Para a loucura feliz, para a intoxicação e para a prazerosa imprevisibilidade.
E mais. Pense em Matangi como a deusa da Divina Profanação.
Conquiste o proibido. Usufrua o inalcançável. Liberte-se.
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Que Matangi esteja conosco.
*Este perfil de Matangi é uma livre tradução/interpretação/resumo de um trecho do livro Kali Kaula, de Jan Fries.
No wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Matangi) :
ResponderExcluirMatangi is often described as an outcaste and impure. Her association with pollution mainly streams from her relation to outcaste communities, considered to be polluted in Hindu society. These social groups deal in occupations deemed inauspicious and polluted like collection of waste, meat-processing and working in cremation grounds.[15] In a Nepali context, such groups are collectively called Matangi, who collect waste—including human waste—and other inauspicious things, and often live outside villages.[18] Thus she is associated with death, pollution, inauspiciousness and the periphery of Hindu society.
Antes de tudo, asseguro que viverei mais matangi de hoje em diante... Mas inicialmente me ative a duas polaridades:
ResponderExcluir1 - bem diferente no Wikipedia, não? Ou sua adaptação livre caprichosamente limpou Matangi, ou continua distante (para a sociedade, humanidade, os editores deste verbete no wiki, ou sei lá o que) a percepção da polaridade entre eventualmente sujar-se ao ousar o imprevisível e o ato físico (ou espiritual) de mexer com lixo. Em ambos os casos, fluxos energéticos turbilhonados e hostis, mas de riqueza exuberante... Vide "Lixo extraordinário", ou tantas baladas compostas no limiar de uma dor de cotovelo, ou dor de corno mesmo.
2 - buscando me certificar do significado, percebi que "prosaico" é um termo especialmente ambíguo (vide 3 e 4):
prosaico
[Do lat. tard. prosaicu.]
Adjetivo.
1.Da, ou semelhante à prosa.
2.Relativo a prosa, prosista, prosístico.
3.Sem grandeza ou elevação; trivial, comum, vulgar:
“No poema de Iriarte só a forma é poética porque o fundo, prosaico e limitado, lhe imprime os caracteres de um verdadeiro tratado musical.” (Latino Coelho, Cervantes, p. 227.)
4.De caráter prático; positivo.
Intrigante, meu caro Dionísio (de cú é rola!)!
Uma coisa muito importante é que as deidades hindus variam igual maré.
ResponderExcluirEntre eles próprios, e mais ainda depois da invasão inglesa e consequentes interpretações ocidentais.
Acredite, Kali já foi considerada no ocidente como deusa dos assassinos. :/
A interpretação de Matangi como "Deusa do Lixo" muito provavelmente remete ao fato dela abençoar os "impuros", que na Índia poderia ser qualquer matuto que comesse carne e bebesse vinho.
De fato, diversas vertentes do Tantrismo enfatizam a quebra dos tabus. Um dos rituais mais divulgados é conhecido como os 5Ms. 5 Ms que são as letras iniciais de quatro tabus bramines, consumidos no ritual:
1. MADYA - Vinho
2. MAMSA - Carne
3. MATSYA - Peixe
4. MUDRA - Cereal (esse é vago e aluns acreditam ser cereais "aditivados", como o LSD in natura)
5. MAITHUNA - Sexo
E quanto aos prosaicos, eu estava ciente deste jogo de palavras e achei o máximo.
Já que justamente Matangi nos ajudará a encontrar iluminação na prosa prática, positiva, trivial, sem grandeza ou pretensão. Quero ver Deus na cervejinha no bar...
No fundo(opa!!) a questão passa por fazer o que te dar prazer né? Existe um discurso de que o o sofrimento(geralmente associado ao trabalho e ao estudo) é dignificante e o caralho a quatro. O prazer é associado a perversão justamente por que o que se esta fazendo por prazer é o que ser quer fazer.
ResponderExcluirQuerer, fazer e ter prazer. É mais uma subversão do que uma perversão. O querer e o prazer consequente de se fazer o que quer são tolhidos sempre, desde o começo da infância. A perseguição que existe em escolas como a que eu trabalho é bizarra tudo que é divertido é enxergado com cuidado, qualquer relação que possa ter alguma pitada de sensualidade e sexualidade é reprimida, chantageada(aliás o que seria da escola sem a chantagem).
Já ouvi de muitos colegas: Mateus mantenha a distancia dos alunos, procure não se relacionar. Em fim acho que começo a entender o Charutóide.