Procuro discutir com os estudantes sobre a avaliação e geralmente falo honestamente para eles: preciso dar um número pra vocês, aquela palhaçada 6 7,5 8.
E procuro fazer propostas e perguntar se eles concordam ou se tem outra proposta.
Hoje duas me perguntaram porque não faço como os outros professores que dão provas e exercício.
Eu disse que não acreditava que reproduzir um texto era tão eficiente para aprendizagem como produzir conhecimento(fiz a proposta de criarmos um mapa da escola para trabalhar com a cartografia). Disse também que estava disposto a discutir de que forma os estudantes querem ser avaliados, pedi para apresentarem uma proposta.
Ai as figuras falaram, mas a gente ta acostumado a receber um dever e fazer a seguir uma ordem. Ai eu me exaltei um pouco e falei que não estava ali contribuindo com a formação de seguidores de ordem e sim de contestadores da ordem.
Vejam que paradoxo, a liberdade é livre inclusive para escolher não ser livre? To aqui pensando pra caralho sobre essa ansia de alguns em ser tratados de forma autoritária.
Penso que é o medo de empreender, é a vontade de seguir um caminho normal que te levara, caso você seja esforçado, ao sucesso.
Sucesso é quando se chega até aquele ponto, tipo agora sou um médico, ou agora sou um empresário, ou agora sou um funcionário público.
Todo o modelo de estudo e formação é baseado em um período de preparação e a conclusão que é final do período. É um limite absolutamente idiota que foi criado para criarmos os papeis de professor, geografo, médico e faxineiro. Trabalhar com a concepção de um processo contínuo e infinito de aprendizagem dentro do ambiente escolar é foda, pica das galáxias de turbante amarelo no vento de cabo frio.
Mas foda-se, como eu já disse, já que eu não verei o fim dessa porra eu vou seguir acreditando que vai dar certo.
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ResponderExcluirCertíssimo. A maioria das pessoas escolhe não ser livre. Escolhe simplesmente reproduzir. E só reproduzir. Ser livre dá trabalho, cansa mais.
ResponderExcluirCara, temos diversos amigos do Salesiano que se enquadram nisso. O mais loco e maneiro é que essa opção é feita por pessoas de diversas classes, tipos, cheiros, cores e raças diferentes. Por todo canto.
A possibilidade de expansão do conhecimento é totalmente subversiva. Por isso mesmo, é exaltada da forma mais caô possível. Vendem o dinheiro como meta da evolução. "Porra, sua profissão maneira." Respeito social.
O conhecimento que aqui vou chamar de 'refinado' não é incentivado. Retire a população do jornal nacional e as coloque nas ruas. Resultado instantâneo: caos. Célula de revolução.
Há muito a falar sobre o assunto.
Iniciativa fuderosa a tua, Tainha! Definitivamente "pica das galáxias de turbante amarelo no vento de cabo frio"...
ResponderExcluirAcho até, que toda a fraqueza da esquerda (que supostamente "questionaria" a ordem atual das coisas) em paradoxo parecido: temos ou não a liberdade de sermos alienados? Como proceder com aqueles que não enxergam o que nos parece óbvio!?
Quanto à escola, ela é reflexo de nossa sociedade doente... As prioridades são sempre estapafúrdias, onde os potenciais mágicos do ser humano e suas aglomerações são sempre deixados de lado, quando não castigados (como no caso da criatividade, por exemplo).
Mas conheço um monte dessas pessoas que não querem sair do seu espectro de conforto e preferem desfrutar suas ilusões, sem maiores desafios de auto-conhecimento. Meninas lindas e ricas que casam cedo, porque, quase nos trinta, são tratadas como ET se não o fazem... E babacas de todo o tipo que se acham o máximo, e julgam tudo e todos... Julgam a
É o que eu vejo jorrar dos happy hours (e nem tenho participado deles): diligência no simulacro da vida. Mas, diferente de quando entre amigos, a hipocrisia do ambiente de trabalho deve ser estendida para os momentos de descontração com os colegas. Deu porque quis, é vadia; perdeu a linha porque tava triste, é alcoolatra; confessou, no calor do momento, que já usou ou fez coisas inusitadas, tá fudido!
E milhares de milhões de pessoas vivem isso, sem sinal de cansaço... É realmente impressionante!
Mas, não fosse a empatia espontânea que sentia por meu professor de geografia, malucão, que volta e meia levava uma sanfona estropiada para a sala de aula, talvez eu fosse exatamente como eles. Talvez, até, mais feliz do que hoje me sinto... Afinal, sempre fazem de tudo para que quem diverge do dominante sofra... Esforço que, às vezes, me atinge!
De fato, há muito o que falar sobre o assunto, Brunão!
Matrix vendida a preço de banana podre, de fim de feira.
ResponderExcluirDifícil é se diagnosticar com ou sem pílula.
Sucesso pra quem? Sucesso de quem? Quem escolheu? Quem exerceu? Quem é livre? Que indivíduo é esse, que a ciência atual cada vez mais aponta como simples ilusão, como consequência estapafúrdia e bêbada do meio? Se não houver um questionamento profundo sobre real individualidade e, principalmente, real vontade, qualquer conclusão sobre os meios, os fins e os sucessos serão frágeis. Há sim, como bem apontou o Monstro, muito a se falar e Lasanha mostrou apenas a ponta do iceberg. Mas, muito sabiamente, inaugurou um termo muito esclarecedor que talvez, em todo seu sublime proselitismo, abrace toda a complexidade do assunto: pica das galáxias de turbante amarelo no vento de cabo frio.
ResponderExcluirCaro Dionísio,
ResponderExcluirsomos o animal cultural. Dependemos da cultura, e da própria vida em sociedade, para fazer funcionar 'adequadamente' a ferramenta maravilhosa que é um corpo humano e refinar sua potencialidade praticamente infinita. Assim, por menos que se preze a noção dominante de sucesso - que é a inicialmente questionada pelo Tainha - sabemos exatamente do que se trata, e ela está incrustada nos nossos desejos, nossos atos - cada um deles.
Claro que é necessário um questionamento sobre a vontade, a potência e como isso é distribuídos entre os pontos de independência dO Todo que supomos inscrever com nossas consciências, mas o próprio advento deste questionamento poderia exterminar a vida como conhecemos hoje! Somos fruto dessa cultura que quer os reis, quer os especialistas, quer popstars, quer acreditar que alguns "amigos" ao lado são sempre mais realizados e plenos do que nós ou alguém que prezamos.
Exterminado o indivíduo, que tipo de entidade viria para tomar o controle?! Seria profética a visão do turbante amarelo no vento de Cabo Frio!?
É exatamente esta entidade que venho procurando, cada vez mais convencido de que ela está sempre logo ali.
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