Tudo continua igual...mentira!
Aflora dentro de mim algo inusitado. Que sempre existiu. Que sempre foi claro e óbvio, mas nunca antes utilizado. Algo que não preciso pensar sobre. Uma mágica interna. Uma sabedoria adormecida de anos atrás, que não vivi. Que nunca nem pensei sobre.
Gerei um ser vivo. Diferente de mim. Não fiz uma mitose ou coisa parecida. Uni meus genes aos de um outro ser humano e agora, exatamente agora, na minha frente está Francisco. Paco, pros íntimos. Dormindo envolto a 3 mantinha que antes dele, nunca tinha nem ouvido falar...agora sei pra que servem...pareço saber....sei.
E ao mesmo tempo vivo dentro de mim um novo ser. Um novo Monstrão. Um cara normal. Que foi pai. Com as mesmas vontades e loucuras. Mas um monstro pai.
Mas que é diferente de mim em tudo. Sabendo que sou eu.
Pra cuidar dele não penso. Ajo. E pra minha surpresa, ajo certo. Tenho os cuidados mais delicados e mais preciosos nítidos em minha mente. Olho pra ele e vejo, sinto a solução. Quase posso ouvir sua voz, que ainda não conheço dizer: assim não pai, mais pro lado, mais pra cima..com mais cuidado....foda. Foda demais.
Ele é meu. Sou dele.
Ele é continuidade. Eu, agora, início do meu fim. Garantia de vida por mais algum tempo. Até que ele se torne também, início de fim, quando tiver o rebento dele.
Agora também sou eterno ao mesmo tempo. Sou a razão pela qual ele continua vivo ainda nesses 4 dias de vida. Sem mim, teria falecido. Tão facilmente quanto esmagar uma larva de formiga.
Sou Deus. Sempre me senti assim, mas ter me dado a oportunidade de gerar um filho, de amar um filho, faz-me ter certeza ainda maior. Sou Deus.
Só o amor constrói.
Papai monstro viu-se papai borboleta.
ResponderExcluirEncontrou delicadeza na brutalidade de suas mãos.
Tentou chorar e chorou. Derradeiro, ingênuo, entregue.
O sagrado arrouba e toma tudo, todo o tempo.
Viu deus. Viu-se deus.
E aquietou Francisco, pois filho de monstro sabe
que não precisa ter medo do bicho-papão.
Que coisa Linda, Brunão.
ResponderExcluirÉ isso mesmo... Mas a minha pequena, coitada, não sei se teve um texto assim pra ela... Um par de músicas, é verdade, mas, em mim, essa constatação (tão parecida!) se deu de forma silenciosa.
Amo, com meus limites, tanto quanto posso.